Prato na Chácara Irecê de Antonio Miranda
ANTES DE TUDO UM FORTE ?!
Poema de Antonio Miranda
Euclides da Cunha achava o mestiço
“um decaído”, “um mutilado”
que reúne o pior das duas raças...
“sem energia física dia ascendentes selvagens,
sem a altitude intelectual dos ancestrais superiores”!!!
Nunca a melhor qualidade dos dois...
“Feridos pela fatalidade das leis biológicas”
condenados à degeneração
e à inferioridade...
Incapaz de solidarizar-se
com qualquer de suas origens.
Sem a capacidade abstrata
com “uma moralidade rudimentar”!!!
Para ele, o mestiço é um intruso
“dispersivo se dissolvente”
“sem caracteres próprios”
com tendência à regressão
“às raízes matrizes”
daí sua instabilidade...
O mulato despreza o negro
e tenta esbranquiçar-se...
O mameluco faz-se bandeirante
e vai dizimar os índios...
Para ele, “são invioláveis as leis
do desenvolvimento das espécies”
e a parte “superior” do mestiço
tende a restaurar-se...
E completa, inexorável, sua razão:
quando “raça forte não destrói pela armas,
esmagando-a pela civilização”...
Salva-se da degeneração o sertanejo
— que “é um retrógrado, não é um degenerado”
de uma raça cruzada que surge autônoma
e de algum modo original
adaptada ao meio
e capaz de alcançar a vida civilizada...
Eu, heim...
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